Cozinha e fantasias. Como fazer do medo uma festa? Ressignificação da memória do conflito armado em Medellín

Resumo

Desde os anos 50, o conflito armado em Medellín tem marcado a memória da população. As diferentes formas de violência marcaram uma longa história de dor, gerando uma série de sentimentos que fragmentam o tecido social. Em um contexto emoldurado pela expectativa de negociações de paz entre as FARC e o governo colombiano, fomenta-se um clima de esperança. Este motiva, a partir da academia, a formulação de novas propostas de pesquisa que contribuem para a conciliação. Neste momento histórico, que exige o pensamento como uma sociedade inclusiva, Como fazer do medo uma festa? surgiu como uma oportunidade investigativa para a co-criação de ressignificar a memória do conflito armado em Medellín e contribuir para a construção do tecido social. Cozinhar e costurar, através de experiências criativas, a partir da gastronomia e do desenho, propícia o encontro para diferentes atores do conflito armado e para os membros do grupo de pesquisa. O objetivo era encorajar uma mudança de perspectiva do medo para a alegria, levando a uma “festa”. A cozinha e o vestuário são configurados como elementos de mediação que estabelecem vínculos de encontro nos espaços da cidade e, da mesma forma, prevêem a possibilidade de coexistência em comunidade. Como resultado da pesquisa-criação, os seguintes produtos foram construídos em conjunto: um livro de receitas narrativas, um molde de uma peça de vestuário e uma horta. Com estes produtos, foi alcançada uma mudança de perspectiva entre os diferentes atores envolvidos na pesquisa, ao considerar viável, a ressignificação da memória do conflito armado a partir da perspectiva da sensibilidade, identidade e autonomia.